Então, como você configura o planejamento da produção na era da Indústria 4.0? Produzir para a indústria da moda está se tornando uma profissão cada vez mais complexa, principalmente se as ferramentas disponíveis forem as clássicas da indústria pré-digital. O mercado está evoluindo rapidamente: ajustes sazonais, cápsulas, produtos de marca própria que se sucedem em um único mês, para satisfazer o desejo de novidades dos clientes das lojas físicas, e online que apresenta novos desafios.
O relatório State of Fashion 2019 produzido pela BoF (The Business of Fashion) e McKinsey & Co. fala de 2019 como um ano de "despertar" para os operadores da indústria da moda, uma vez que "aqueles que obtiverem sucesso terão que aceitar um fato: no novo paradigma que está se formando, algumas das regras antigas simplesmente não funcionam".
O ciclo normal de produção segue as fases clássicas, desde o recebimento do pedido até a escolha e compra de tecidos e materiais, até o corte, costura, controle de qualidade, possíveis lavagens, engomar, rotulagem, embalagem e expedição. O elemento disruptivo que introduz o conceito da Indústria 4.0 consiste na interação contínua e evolutiva entre máquinas conectadas inteligentes e sistemas cibernéticos, ou sistemas de TI capazes, de fato, de interagir continuamente com o sistema físico em que operam. Essa tecnologia pode intervir em todas as fases, agilizando, racionalizando e tornando os processos mais eficientes e flexíveis, com a consequência de tornar a empresa mais competitiva. Realidade virtual, design de impressão 3D, computação em nuvem, Big Data Analytics, realidade aumentada, tudo isso pode ser inserido na fábrica do sistema. A partir do modelo, a digitalização do rascunho e as características de cada peça de vestuário permitem uma análise mais precisa e uma realização mais fiel, uma vez que os dados são transmitidos sem ambiguidade ou perda para quem precisa fazer a peça operacional. No nível da fábrica, máquinas inteligentes e conectadas são mais fáceis de gerenciar e manter e, de fato, a manutenção pode se tornar preditiva com base mais uma vez nos dados do historiador.
Continuando com a inter-relação homem-máquina, na fase de corte de tecido, o maquinário adequadamente "treinado" e supervisionado por operadores humanos pode executar operações delicadas mais rapidamente. A produção pode se tornar inteligente graças ao uso de etiquetas RFID que definem, para cada peça, onde costurar os botões ou a que temperatura lavar automaticamente. A fase de controle de qualidade também se beneficiará da inter-relação com máquinas e computadores e melhorará gradualmente, graças aos dados coletados e às otimizações resultantes. Portanto, a produção terá uma qualidade geral mais alta que pode ser obtida em menor tempo. As etiquetas RFID também podem ser úteis na fase de embalagem e, é claro, para os consumidores verificarem a origem de uma peça de roupa e, por exemplo, garantir que ela atenda a certos padrões éticos. A maior eficiência e programabilidade de todas essas operações se reflete em um melhor gerenciamento da produção e pedidos. Por exemplo, a avaliação de custos que acaba no contrato do cliente será muito mais rápida e mais segura do que uma contagem feita manualmente com base na experiência anterior. Lembre-se de que isso não significa desvalorizar o profissionalismo das pessoas envolvidas na fábrica; pelo contrário, isso sempre será crucial para o sucesso da empresa. Em vez disso, é uma questão de atualização para aplicar o próprio profissionalismo a novas ferramentas que permitem melhores resultados. As habilidades profissionais são aprimoradas pela tecnologia que permite maior controle do que acontece na produção, em tempo real, além de propor configurações mais eficientes de máquinas e pessoal para tornar a fábrica cada vez mais flexível e competitiva no mercado. Não são cenários futuristas, são tecnologias já disponíveis e ao alcance de todos, indispensáveis para projetar sua empresa no futuro.